ENFERMAGEM, CIÊNCIAS E SAÚDE

Gerson de Souza Santos - Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde da Família, Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Ciências da Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Atualmente professor do Curso de Medicina do Centro Universitário Ages - Irecê-Ba.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Otite média crônica


CONSIDERAÇÕES GERAIS

A otite média crônica por definição é o processo inflamatório/infeccioso crônico da orelha média cursando geralmente com perfurações da membrana timpânica, mas pode existir sem perfuração (otte média secretora). O nome é inapropriado em certas circunstâncias, como na otite média crônica simples, que pode cursar com crises periódicas de agudização devido à perfuração da MT sem haver realmente uma inflamação crônica da mucosa da orelha média, mas é de uso rotineiro e consagrado.

OTITE MÉDIA CRÔNICA

CLASSIFICAÇÃ - OMC SIMPLES, OMC COLESTEATOMATOSA, OMC SECRETORA

OTITE MÉDIA CRÔNICA SIMPLES A queixa dos pacientes portadores dessa afecção é de deficiência auditiva e otorréia , em geral , intermitente, com longos períodos de remissão. É otopatia indolor. Esta afecção se inicia, via de regra, na infância e é consequência de uma otite media aguda necrosante, onde houve destruição da membrana timpânica e, frequentemente também, da cadeia ossicular. Portanto à otoscopia, encontra-se sempre uma perfuração de membrana timpânica de tamanho variável, uma mucosa da caixa do tímpano que, visualizada através da perfuração, pode apresentar-se hiperemiada, edemaciada e secretora. Na fase de remissão, quando não há infecção na caixa, vê-se apenas a perfuração e a mucosa timpânica. As reinfecções destes tímpanos comprometidos são causadas por rinofaringites ou por contaminação externa ( em geral banhos de piscina ou de mar). Têm como agentes etiológicos as bactérias gram-negativas. A deficiência auditiva varia de acordo com o grau de destruição da membrana e da cadeia ossicular e pode ser medida através da audiometria. Na fase de supuração o tratamento é clínico, e deve ser realizado com o uso de gotas auriculares que contenham associação de antibióticos e corticóides e, também, descongestionantes. Só nos casos mais resitentes é aconselhado o uso da antibioticoterapia sistêmica. Normalmente o quadro regride só com o uso de gotas locais. Cuidados de higiene local são recomendados, principalmente a não permissão de entrada de água nos ouvidos. O tratamento definitivo da otite média crônica simples é cirúrgico. Faz-se a timpanoplastia, onde a membrana timpânica é reconstruída por um enxerto, em geral de material autógeno (a fáscia do músculo temporal), podendo ser utilizados outros tipos de materiais orgânicos. Também a cadeia ossicular, se lesada, pode ser reconstruída usando restos dos próprios ossículos , material homólogo conservado e material inorgânico inerte, como próteses de teflon. proplast ou cerâmica.

OTITE MÉDIA CRÔNICA COLESTEATOMATOSA

CLASSIFICAÇÃ: OMCC CONGÊNITA, OMCC PRIMÁRIA OMCC SECUNDÁRIA

Caracteriza-se clinicamente por otorréia purulenta fétida, abundante, sem períodos de remissão, que tem como agentes etiológicos bactérias Gram negativas e anaeróbios e que é resistente ao tratamento clínico, isto é o uso de gotas locais e antibióticos sistêmicos não eliminam a secreção. O paciente apresenta deficiência auditiva, pela grande destruição dos elementos do ouvido médio causada pelo colesteatoma. À otoscopia, revela a otorréia e, após aspiração, uma área total ou parcialmente destruída e retraída, com tecido epidérmico saindo da caixa timpânica, em geral do quadrante póstero-superior do anel timpânico. O substrato desta patologia é o colesteatoma, que é um tumor benigno formado por um tecido epidérmico que se enovela de forma laminar, como camadas de uma cebola. Tende a aumentar o seu volume destruindo as estruturas ao seu redor, causando complicações locais, como mastoidites, labirintites e paralisia facial, ou endocranianas, como meningites, abscessos cerebrais e cerebelares, entre outros. Este tumor pode ser congênito onde evidentemente o paciente já nasce com ele; primário - quando, por conseqüência de disfunção grave e crônica da tuba auditiva na primeira infância, há invaginação da pars flácida da membrana timpânica, facilitando o desenvolvimento do colesteatoma; contudo, a forma mais comum é a do colesteatoma secundário, que é consequência de uma otite média aguda necrosante com destruição de toda a membrana timpânica. A pele do conduto auditivo externo, então, invagina-se, invadindo o antro mastóideo, formando o tumor que lentamente aumenta de volume e vai destruindo, paulatinamente, toda a mastóide e os componentes da caixa do tímpano. A otite colesteatomatosa pode evoluir, praticamente, sem sintomas durante um largo período. Entretanto, repentinamente, pode determinar graves complicações como mastoidites agudas, meningites e abscessos cerebrais. O clínico e o especialista precisam estar atentos a esta patologia, uma vez que, diagnosticada, deve ser tratada de imediato e cirurgicamente, para evitar as complicações descritas. Muitas vezes o paciente já apresenta a complicação e precisa, então, ser prontamente internado para o tratamento adequado. A cirurgia é a mastoidectomia radical, onde é realizada a limpeza cirúrgica rigorosa da caixa timpânica e mastóide. Esta patologia é de caráter recidivante e se faz necessário acompanhamento do paciente por longo período de tempo. Há variações na técnica cirúrgica desta patologia , que não serão discutidas neste artigo.

OTITE MÉDIA CRÔNICA SECRETORA. Ocorre frequentemente na infância, devido a anatomia característica da rinofaringe e da trompa de tuba auditiva nessa faixa etária. Também pode acontecer no adulto, por causas secundárias a processos alérgicos, tumores da rinofaringe ou de seqüelas de patologias locais, na infância. Torna-se de grande importância nas idades pré-escolar e escolar, pois a hipoacusia conseqüente leva a criança à atitudes de indiferença, dificuldade de aprender e, mesmo, a outras alterações no comportamento que, muitas vezes, levam a criança à psicoterapia desnecessariamente. A disfunção tubária mais ou menos intensa leva a formação de vácuo no ouvido médio, ocorrendo na primeira face do processo retração da membrana timpânica . Persistindo a causa, manifesta-se um transudato na caixa timpânica, que com o correr do tempo espessa-se formando exsudato viscoso, que costumamos chamar de “glue ear” (cola).O paciente queixa-se de hipoacusia, autofonia e sensação de ouvido cheio. Eventualmente esta secreção pode infectar-se e supurar. Na infância estas infecções podem ter caráter recidivante. À otoscopia vê-se o tímpano retraído e opacificado, às vezes hiperemiado. Dependendo da fase, pode-se ver nível líquido atrás da membrana timpânica.

O diagnóstico é firmado com a audiometria, onde o gráfico é de surdez de condução, e principalmente à impedanciometria, que se apresenta com uma curva timpanométrica característica - uma curva aplanada, sem pico- e ausência de reflexo estapediano.O tratamento, nas formas mais brandas, é feito com antiinflamatórios hormonais, descongestionantes e também antibióticos. Nas formas persistentes, a abordagem é cirúrgica, fazendo-se aspiração e drenagem timpânica, através de uma timpanotomia, implantando na membrana um microtubo que aí permacerá alguns meses assim restabelecendo a aeração do ouvido médio. A otite média crônica secretora tem caráter insidioso e pode ser recidivante, apesar do tratamento cirúrgico.

OTITE MÉDIA CRÔNICA TUBERCULOSA: É uma otite média crônica específica que deve ser lembrada em casos de perfuração de MT. Bastante rara, apresenta início insidioso, sendo quase sempre secundária a um foco tuberculoso conhecido. Identifica-se pela presença de bacilos de Koch na secreção. À otoscopia são características as perfurações múltiplas da membrana timpânica.

GALERIA DE FOTOS

Otite média secretora com retração da MT Otite média secretora com grande retração Secreção do ouvido médio Drenagem da secreção e microtubo de aeração

Otite média crônica simples com vários graus de perfuração da membrana timpânica

Otite média crônica (colesteatoma primário) Otite média crônica (colesteatoma secundário) Mastoidite aguda (complicação da otite)

fonte: http://www.sorocaba.pucsp.br/atn/apostilas

Distúrbios Ouvido, Nariz e Garganta



O ouvido médio é formado pela membrana timpânica (tímpano) e por uma câmara cheia de ar que contém uma cadeia de três ossículos que conectam a membrana timpânica ao ouvido interno. O ouvido interno (labirinto), cheio de líquido, é formado por duas partes principais: a cóclea (o órgão da audição) e os canais semicirculares (o órgão do equilíbrio). Os distúrbios do ouvido médio e do ouvido interno produzem muitos sintomas semelhantes e um distúrbio do ouvido médio pode afetar o ouvido interno e vice-versa.

Distúrbios do Ouvido Médio

Os distúrbios do ouvido médio produzem sintomas como mal-estar, dor e uma sensação de que o ouvido está tapado ou de que existe pressão em seu interior, assim como uma secreção líquida ou purulenta, perda auditiva, tinido e vertigem (uma sensação de que tudo está girando).Esses sintomas podem ser causados por uma infecção, por uma lesão ou por uma pressão no ouvido médio que acarreta uma obstrução da tuba auditiva (o tubo que conecta o ouvido médio à parte posterior do nariz). Quando a causa é uma infecção, o indivíduo pode apresentar febre e fraqueza generalizada.

Perfuração da Membrana Timpânica

A membrana timpânica pode ser perfurada (puncionado) por objetos colocados no ouvido (p.ex., um cotonete) ou por objetos que o penetram acidentalmente (p.ex., como um galho baixo de uma árvore ou um lápis). A membrana timpânica também pode ser perfurada em decorrência de um aumento abrupto da pressão (p.ex., o causado por uma explosão, por um tapa ou por um acidente de natação ou demergulho) ou por uma redução súbita da pressão. Um objeto que penetra na membrana timpânica pode deslocar a cadeia de ossículos do ouvido médio ou pode fraturar o estribo (um dos ossículos). Partes dos ossículos fraturados ou do objeto em si podem penetrar no ouvido interno.

Sintomas

A perfuração da membrana timpânica causa uma dor súbita e intensa, seguida por sangramento pelo ouvido, perda auditiva e tinido (zumbido, ruído no ouvido). A perda auditiva é mais grave quando a cadeia de ossículos sofre algum tipo de dano ou quando o ouvido interno é lesado. A lesão do ouvido interno também pode causar vertigem. O pus pode começar a drenar do ouvido em 24 a 48 horas, particularmente quando ocorre entrada de água no ouvido médio.

Tratamento

Comumente, um antibiótico oral é prescrito para prevenir a infecção. O ouvido é mantido seco. Quando o ouvido torna-se infectado, podem ser utilizadas gotas otológicas contendo um antibiótico. Normalmente, a membrana timpânica cicatriza sem a necessidade de tratamentos adicionais. No entanto, se ela não cicatrizar em 2 meses, pode ser necessária a realização de uma timpanoplastia (cirurgia de reparação da membrana timpânica).

Uma perda auditiva condutiva persistente sugere uma ruptura dos ossículos, a qual pode ser reparada cirurgicamente. Uma perda auditiva neurossensorial ou uma vertigem que dura mais que algumas horas após a lesão sugere a penetração de algo no ouvido interno. Neste caso, a timpanotomia (um procedimento cirúrgico) é comumente realizada para investigar a área e reparar a lesão.

Tinido

O tinido é um som que se origina no ouvido e não no ambiente. Não se sabe a razão pela qual o tinido ocorre, mas ele pode ser um sintoma de praticamente qualquer distúrbio do ouvido, incluindo os seguintes:


• Infecções do ouvido

• Obstrução do canal auditivo

• Obstrução da tuba auditiva

• Otosclerose

• Tumores do ouvido médio

• Doença de Ménière

• Lesão do ouvido causada por medicamentos (p.ex., aspirina e alguns antibióticos)

• Perda auditiva

• Lesão produzida por uma explosão

O tinido também pode ocorrer com outros distúrbios como, por exemplo, anemia, distúrbios cardíacos e dos vasos sangüíneos (p.ex., hipertensão arterial e arteriosclerose), concentração sérica baixa de hormônio tireoidiano (hipotireoidismo) e traumatismos crânio-encefálicos. O som pode ser um zumbido, um som de campainha, um rugido, um assovio ou um chiado nos ouvidos. Alguns indivíduos ouvem sons mais complexos que mudam no decorrer Tinido do tempo. Os sons podem ser intermitentes, contínuos ou palpitantes em sincronia com o ritmo cardíaco. Um som palpitante pode ser decorrente de uma artéria obstruída, de um aneurisma, de um tumor num vaso sangüíneo ou de outros distúrbios vasculares. Como o indivíduo com tinido geralmente apresenta uma certa perda auditiva, são realizados testes auditivos completos, assim como a ressonância magnética (RM) da cabeça e a tomografia computadorizada (TC) do osso temporal (o osso craniano que contém parte do canal auditivo, o ouvido médio o e ouvido interno). Freqüentemente, as tentativas para identificar e tratar o distúrbio causador do tinido fracassam. Várias técnicas podem tornar o tinido tolerável, embora a tolerância varie de indivíduo a indivíduo. Comumente, um aparelho auditivo ajuda a eliminar o tinido. Muitos indivíduos sentem alívio pondo música de fundo para mascará-lo. Alguns utilizam um mascarador de tinido, um dispositivo utilizado como os destinados para melhorar a audição, que produz sons agradáveis. Para aqueles com surdez profunda, o implante coclear pode reduzir o tinido.

Barotite Média

A barotite média (aerotite) é a lesão do ouvidomédio causada por uma diferença de pressão do ar entre os dois lados da membrana timpânica.

A membrana timpânica separa o canal auditivo do ouvido médio. Quando, no canal auditivo, a pressão do ar proveniente do exterior é diferente da pressão do ar no ouvido médio, a membrana timpânica pode ser lesada. Normalmente, a tuba auditiva, a qual conecta o ouvido médio com a parte posterior do nariz, ajuda a manter pressão igual em ambos os lados da membrana timpânica e permite que o ar do exterior entre no ouvido médio. Quando a pressão do ar do exterior aumenta subitamente (p.ex., durante a descida de um avião ou durante um mergulho de grande profundidade no mar), o ar deve deslocar- se através da tuba auditiva para igualar a pressão no ouvido médio.

Quando a tuba auditiva encontra-se parcial ou totalmente obstruída devido a cicatrizes, a uma infecção ou a uma alergia, o ar não consegue chegar ao ouvido médio e a conseqüente diferença de pressão pode lesar a membrana timpânica ou mesmo provocar seu rompimento e sangramento. Quando a diferença de pressão é muito alta, a janela oval (a entrada para o ouvido interno desde o ouvido médio) pode romper, permitindo que o líquido do ouvido interno extravase para o ouvido médio. A perda auditiva ou a vertigem que ocorrem durante a descida em um mergulho marinho profundo sugere que tal escape está ocorrendo. A ocorrência dos mesmos sintomas durante a ascensão sugerem a formação de uma bolha de ar no ouvido interno.

As alterações súbitas de pressão durante um vôo fazem com que o indivíduo sinta dor ou que seus ouvidos fiquem tapados. Freqüentemente, a pressão no ouvido médio pode ser igualada e o desconforto aliviado pela respiração com a boca aberta, pelo ato de mascar um chiclete ou pela deglutição. Os indivíduos com uma infecção ou uma alergia que afeta o nariz e a garganta podem apresentar um desconforto quando viajam de avião ou quando mergulham. No entanto, quando qualquer uma dessas atividades é necessária, um descongestionante nasal (gotas ou sprays) contendo fenilefrina reduz a congestão e ajuda a abrir as tubas auditivas, igualando a pressão sobre as membranas timpânicas.

Pressão no Ouvido Médio

A tuba auditiva ajuda a manter a mesma pressão de ar em ambos os lados da membrana timpânica, permitindo que o ar do exterior entre no ouvido médio. Quando a tuba auditiva é obstruída, o ar não consegue chegar ao ouvido médio e, conseqüentemente, a pressão diminui. Quando a pressão de ar é mais baixa no ouvido médio que no canal auditivo, a membrana timpânica abaula para dentro. A diferença de pressão pode causar dor e lesar ou romper a membrana timpânica.

Miringite Infecciosa

A miringite infecciosa é uma inflamação da membrana timpânica decorrente de uma infecção viral ou bacteriana.

Pequenas bolhas cheias de líquido (vesículas) formam-se sobre a membrana timpânica. A dor inicia subitamente e dura 24 a 48 horas. Quando o indivíduo apresenta febre e perda auditiva, a infecção provavelmente é bacteriana.

A infecção é freqüentemente tratada com antibióticos. Para aliviar a dor, são administrados analgésicos ou é realizada a ruptura das vesículas.

Otite Média Aguda

A otite média aguda é uma infecção bacteriana ou viral do ouvido médio.

Embora este distúrbio possa ocorrer em indivíduos de qualquer faixa etária, ele é mais comum em crianças jovens, particularmente com idade entre 3 meses e 3 anos. Comumente, ele é uma complicação de um resfriado comum. Os vírus ou as bactérias originários da garganta podem atingir o ouvido médio através da tuba auditiva ou, ocasionalmente, através da corrente sangüínea. Normalmente, a otite viral média é seguida por uma otite média bacteriana.

Sintomas

Geralmente, o sintoma inicial é uma dor de ouvido intensa e persistente. Pode ocorrer uma perda auditiva temporária. As crianças jovens podem apresentar náusea, vômito, diarréia e uma temperatura de até 40,5oC. O membrana timpânica inflama e pode abaular. Quando ocorre ruptura da membrana timpânica, a secreção pode ser inicialmente sanguinolenta, tornando-se clara a seguir e, finalmente, purulenta.

As complicações graves incluem infecções do osso circunvizinho (mastoidite ou petrosite), a infecção dos canais semicirculares (labirintite), a paralisia facial, a perda auditiva, a meningite (inflamação do revestimento do cérebro) e o abcesso cerebral. Os sinais de uma complicação iminente incluem a cefaléia (dor de cabeça), a perda auditiva súbita e profunda, a vertigem, os calafrios e a febre.

Diagnóstico e Tratamento


Para estabelecer o diagnóstico, o médico realiza um exame do ouvido. Quando houver secreção purulenta ou qualquer outro tipo de secreção do ouvido, ele envia uma amostra ao laboratório para exame para a identificação do microrganismo responsável pela infecção.

A infecção é tratada com antibióticos orais. Freqüentemente, a amoxicilina é o antibiótico de primeira escolha para os indivíduos de qualquer faixa etária. No entanto, a penicilina em doses altas pode ser prescrita para os adultos. Outros antibióticos também podem ser utilizados. O uso de medicamentos contra o resfriado contendo fenilefrina pode ajudar a manter as tubas auditivas abertas e os anti-histamínicos são úteis para os indivíduos alérgicos. Quando um indivíduo apresenta dor, febre, vômito ou diarréia intensa ou persistente ou quando a membrana timpânica está abaulada, o médico pode realizar uma miringotomia, na qual é criada uma abertura através da membrana timpânica para permitir que o líquido drene do ouvido médio. A abertura, a qual não afeta a audição, cicatriza espontaneamente.

Dor de Ouvido

A dor de ouvido origina-se ou parece originar-se no ouvido externo ou no ouvido médio. As dores de ouvido podem ser decorrentes da inflamação causada por infecções ou por tumores ou outras formações localizadas no ouvido externo ou no ouvido médio. Mesmo uma discreta inflamação do canal auditivo externo pode ser muito dolorosa e uma inflamação da cartilagem do ouvido externo (pericondrite) pode provocar sensibilidade e uma dor intensa.


A infecção do ouvido médio (otite média), a causa mais comum de dores de ouvido nas crianças, produz uma inflamação dolorosa. A obstrução da tuba auditiva (o tubo que conecta o ouvido médio com a parte posterior do nariz) produz um aumento de pressão no ouvido médio, o qual por sua vez excerce pressão sobre a membrana timpânica e provoca a dor. As alterações abruptas de pressão durante um vôo causam uma dor de ouvido transitória. O ato de deglutir alivia a pressão e a dor.


A dor que se assemelha à dor de ouvido pode ser proveniente de uma estrutura próxima que compartilha os mesmos nervos que se dirigem ao cérebro. Este tipo de dor é denominado dor referida. As estruturas que compartilham nervos com o ouvido incluem o nariz, os seios da face, os dentes, as gengivas, a articulação dos maxilares (articulação temporomandibular), a língua, as tonsilas, a garganta (faringe), a laringe, a traquéia, o esôfago e as glândulas parótidas (glândulas salivares localizadas nas bochechas). Freqüentemente, o primeiro sintoma do câncer de qualquer uma dessas estruturas é uma dor semelhante à dor de ouvido.


O tratamento depende da causa da dor. A otite média é tratada com antibióticos, para evitar que a infecção se torne grave. Quando o ouvido não parece afetado, o médico examina as estruturas que compartilham nervos com o ouvido e institui o tratamento adequado. Os analgésicos (p.ex., acetaminofeno) podem reduzir a dor.

Otite Média Secretória

A otite média secretória é um distúrbio no qual ocorre um acúmulo de líquido no ouvido médio em decorrência de uma otite média aguda não totalmente curada ou de uma obstrução da tuba auditiva. O líquido geralmente (nem sempre) contém bactérias. Este distúrbio é comum em crianças porque suas tubas auditivas podem ser facilmente obstruídas por reações alérgicas, aumento de volume das adenóides ou inflamação do nariz e da garganta.

Normalmente, a pressão no ouvido médio é igualada três ou quatro vezes por minuto, quando a tuba auditiva abre durante a deglutição. Quando a tuba auditiva está obstruída, a pressão no ouvido médio tende a cair, pois, embora o oxigênio seja absorvido pela corrente sangüínea desde o ouvido médio como é usual, ele não é reposto. Com o aumento da pressão, ocorre um acúmulo de líquido no ouvido médio, reduzindo a capacidade de movimento da membrana timpânica. Em conseqüência, ocorre uma perda auditiva condutiva.

Para estabelecer o diagnóstico, o médico realiza um exame do ouvido. Freqüentemente, a timpanometria, um teste auditivo simples, é utilizada para mensurar a pressão em ambos os lados da membrana timpânica.

Tratamento

Geralmente, o tratamento começa com a administração de antibióticos. Outros medicamentos como a fenilefrina, a efedrina e antihistamínicos (p.ex., clorfeniramina) orais são utilizados para reduzir a congestão e ajudar a desobstruir a tuba auditiva. A baixa pressão no ouvido médio pode ser aumentada temporariamente ao forçar a passagem de ar através de uma tuba auditiva obstruída. Para fazê-lo, o indivíduo pode espirrar com a boca fechada e com as narinas comprimidas com os dedos. O médico pode realizar uma miringotomia, na qual é criada uma abertura através da membrana timpânica para permitir que o líquido drene do ouvido médio. Um pequeno tubo pode ser inserido na abertura da membrana timpânica para ajudar a drenagem do líquido e permitir que o ar entre no ouvido médio. A condição responsável pela obstrução da tuba auditiva (p.ex., uma alergia) é tratada. Nas crianças,pode ser necessária a remoção das adenóides.

Mastoidite Aguda

A mastoidite aguda é uma infecção bacteriana localizada no processo mastóide, o osso proeminente situado atrás da orelha. Comumente, este distúrbio ocorre quando uma otite média aguda não tratada ou tratada de modo inadequado dissemina-se do ouvido médio até o osso circunjacente (o processo mastóide).

Sintomas

Os sintomas geralmente manifestam-se duas ou mais semanas após uma otite média aguda, à medida que a disseminação da infecção destrói a parte interna do processo mastóide. Pode ocorrer a formação de um abcesso no osso. A pele que recobre o processo mastóide pode tornarse hiperemiada, inflamada e dolorosa e o ouvido externo é deslocado para o lado e para baixo. Outros sintomas são a febre, a dor ao redor e no interior do ouvido e uma secreção cremosa e abundante do ouvido. Todos esses sintomas normalmente pioram. A dor tende a ser persistente e latejante. A perda auditiva é progressiva. A tomografia computadorizada (TC) revela que as células aéreas (espaços no osso que normalmente contêm ar) do processo mastóide estão cheias de líquido. À medida que a mastoidite evolui, os espaços aumentam. Uma mastoidite tratada inadequadamente pode acarretar surdez, infecção do sangue (sépsis), meningite, abcesso cerebral ou morte.

Tratamento

O tratamento normalmente é iniciado com a administração intravenosa de um antibiótico. Uma amostra da secreção é examinada para a identificação do microrganismo responsável pela infecção e para a determinação dos antibióticos que mais provavelmente eliminarão a sua eliminação. A seguir, a antibioticoterapia é ajustada de acordo com os resultados e é mantida por no mínimo 2 semanas. Se houver a formação de um abcesso no osso, ele é drenado cirurgicamente.

Otite Média Crônica

A otite média crônica é uma infecção prolongada causada por uma lesão permanente (perfuração) da membrana timpânica.

A perfuração da membrana timpânica pode ser causada por uma otite média aguda, uma obstrução da tuba auditiva, uma lesão causada pela penetração de um objeto no ouvido, por alterações súbitas da pressão de ar ou por queimaduras causadas pelo calor ou por substâncias químicas.

Os sintomas dependem da parte da membrana timpânica que é perfurada. Quando a membrana timpânica apresenta uma perfuração central (um orifício no centro), a otite média crônica pode exacerbar após uma infecção do nariz e da garganta (p.ex., um resfriado comum) ou após a penetração de água no ouvido médio durante o banho ou durante a natação. Comumente, essas exacerbações são causadas por bactérias e resultam em uma secreção purulenta indolor, a qual pode ser fétida, no ouvido. As exacerbações persistentes podem acarretar a formação de protuberâncias denominadas pólipos, as quais se estendem desde o ouvido médio, atravessam a perfuração e atingem o canal auditivo. A infecção persistente pode destruir partes dos ossículos (os pequenos ossos existentes no ouvido médio que conduzem os sons do ouvido externo até o ouvido interno), causando uma perda auditiva condutiva.

A otite média crônica causada por perfurações marginais (orifícios localizados próximos da borda) da membrana timpânica também podem causar perda auditiva condutiva e piorar a secreção do ouvido. Algumas complicações graves como a inflamação do ouvido interno (labirintite), a paralisia facial e as infecções cerebrais são mais prováveis nos casos de perfurações marginais que nos de perfurações centrais. As perfurações marginais são freqüentemente acompanhadas por colesteatomas (acúmulos de um material branco similar à pele) no ouvido médio. Os colesteatomas, que destróem o tecido ósseo, aumentam bastante a possibilidade de uma complicação grave.Tratamento Quando ocorre um episódio de otite média crônica, o médico realiza uma limpeza completa do canal auditivo e do ouvido médio através da aspiração e de cotonetes de algodão. A seguir, ele instila uma solução de ácido acético com hidrocortisona no ouvido. Os episódios graves são tratados com um antibiótico oral (p.ex., amoxicilina). Após a identificação da bactéria responsável pela infecção, a antibioticoterapia é ajustada. Normalmente, a membrana timpânica pode ser reparada através de um procedimento denominado timpanoplastia. Quando a cadeia de ossículos é danificada, ela pode ser reparada concomitantemente. Os colesteatomas são removidos cirurgicamente. Quando um colesteatoma não é removido, a reparação do ouvido médio pode ser impossível.

Otosclerose

A otosclerose é um distúrbio no qual o osso que rodeia o ouvido médio e o ouvido interno cresce em excesso, imobilizando o estribo (o osso do ouvido médio fixado ao ouvido interno) e impedindo a transmissão adequada dos sons.

A otosclerose, uma doença hereditária, é a causa mais comum de perda auditiva condutiva progressiva em adultos cujas membranas timpânicas são normais. Ela também pode causar uma perda auditiva quando o crescimento ósseo pinça e lesa os nervos que conectam o ouvido interno ao cérebro. Aproximadamente 10% dos indivíduos adultos da raça branca apresentam alguma evidência de otosclerose, mas apenas cerca de 1% apresenta uma perda auditiva condutiva como conseqüência. O distúrbio manifesta-se pela primeira vez no final da adolescência ou no início da vida adulta. A remoção do estribo através da microcirurgia e a sua substituição por um estribo artificial restauram a audição na maioria dos casos. Alguns indivíduos podem optar pelo uso de um aparelho auditivo em vez de submeter-se à cirurgia.

Distúrbios do Ouvido Interno

Os distúrbios do ouvido interno produzem sintomas como perda auditiva, vertigem (uma sensação de que tudo à volta está rodando), tinido (zumbido, ruído no ouvido) e congestão. Esses distúrbios podem ter muitas causas, como infecções, lesões, tumores e medicamentos. Algumas vezes, a causa é desconhecida.

Doença de Ménière

A doença de Ménière é um distúrbio caracterizado por episódios recorrentes de vertigem incapacitante, perda auditiva e tinido.

A sua causa é desconhecida. Os sintomas incluem episódios súbitos de vertigem, náusea e vômito que duram de 3 a 24 horas e desaparecem gradualmente. Periodicamente, o indivíduo pode ter uma sensação de ouvido tapado ou de pressão no ouvido afetado. A audição do ouvido afetado tende a oscilar, mas piora progressivamente com o passar dos anos. O tinido, constante ou intermitente, pode piorar antes, após ou durante um episódio de vertigem. Na maioria dos indivíduos, o distúrbio afeta apenas um ouvido e em 10% a 15%, ela afeta ambos os ouvidos.

Em uma forma da doença de Ménière, a perda auditiva e o tinido precedem o primeiro episódio de vertigem em meses ou anos. Uma vez iniciados os episódios de vertigem, a audição pode melhorar.

Tratamento


A vertigem pode ser aliviada temporariamente com medicamentos orais (p.ex., escopolamina, anti-histamínicos, barbitúricos ou diazepam). A escopolamina também pode ser aplicada sob a forma de adesivos cutâneos. Existem vários procedimentos cirúrgicos para os indivíduos que se tornam incapazes devido aos episódios freqüentes de vertigem. A secção dos nervos conectados aos canais semicirculares (a parte do ouvido interno envolvida no equilíbrio) alivia a vertigem, normalmente sem comprometer a audição. Este procedimento é denominado neurectomia vestibular. Quando a vertigem é incapacitante e a audição encontrase muito comprometida, a cóclea (a parte do ouvido interno envolvida na audição) e os canais semicirculares podem ser removidos em um procedimento denominado labirintectomia.

Neuronite Vestibular

A neuronite vestibular é um distúrbio caracterizado por um episódio súbito e intenso de vertigem causado pela inflamação do nervo conectado aos canais semicirculares.

Este distúrbio é provavelmente causado por um vírus. O primeiro episódio de vertigem é grave, sendo acompanhado por náusea e vômito e dura de 7 a 10 dias. Os olhos apresentam nistagmo (movimentos involuntários do olho em direção ao lado afetado). O distúrbio desaparece espontaneamente. Ele pode ocorrer como um episódio simples e isolado ou sob a forma de vários episódios ao longo de 12 a 18 meses. Cada episódio subseqüente é mais curto e menos grave que o anterior. A audição não é afetada. O diagnóstico exige a realização de testes auditivos e de testes para o nistagmo, utilizando a eletronistagmografia, um método de registro eletrônico dos movimentos dos olhos. Um teste para o nistagmo consiste na instilação de uma pequena quantidade de água gelada em cada canal e no registro dos movimentos oculares do paciente. Pode ser realizada uma ressonância magnética (RM) da cabeça para se assegurar que os sintomas não são causados por outro distúrbio. O tratamento da vertigem é o mesmo da doença de Ménière. Quando o vômito persiste por um longo tempo, pode ser necesária a administração intravenosa de líquidos e eletrólitos.

Vertigem Postural

A vertigem postural (vertigem posicional) é uma vertigem violenta que dura menos de 30 segundos e é desencadeada por certas posições da cabeça.

Este tipo de vertigem pode ser causado por condições que lesam os canais semicirculares (a parte do ouvido interno envolvida no equilíbrio). Por exemplo, a vertigem postural pode ser provocada por uma lesão do ouvido interno, pela otite média, por uma cirurgia de ouvido ou por uma obstrução da artéria que supre o ouvido interno.

A vertigem ocorre quando o indivíduo apóia-se sobre uma das orelhas ou inclina a cabeça para trás para olhar para cima. O indivíduo também pode apresentar nistagmo (movimento involuntário anormal dos olhos). Habitualmente, a vertigem postural desaparece em algumas semanas ou meses, mas pode retornar meses ou anos após.

Diagnóstico e Tratamento

O médico tenta desencadear um episódio solicitando ao paciente que ele se deite de costas sobre a mesa de exame com a cabeça voltada para um lado e pendendo na borda da mesa. Após alguns segundos, o indivíduo apresenta uma vertigem intensa, a qual geralmente dura de 15 a 20 segundos, e nistagmo.

O indivíduo deve evitar a posição que causa vertigem. Quando a vertigem postural persiste prolongadamente (p.ex., até um ano), a secção do nervo conectado a um dos canais semicirculares do ouvido afetado aliviará os sintomas.

Herpes-Zoster do Ouvido

O herpes-zoster do ouvido (síndrome de Ramsay Hunt) é uma infecção do nervo auditivo causada pelo vírus herpes-zoster, que produz dor de ouvido intensa, perda auditiva e vertigem. No ouvido externo e no canal auditivo, ocorre a formação de vesículas (pequenas bolhas cheias de líquido). Também pode ocorrer a formação de vesículas sobre a pele da face ou do pescoço cujos nervos são infectados. Quando o nervo facial encontra-se comprimido devido à infecção e à inflamação, os músculos de um lado da face podem tornar-se temporária ou permanentemente paralisados. A perda auditiva pode ser permanente ou a audição pode retornar de modo parcial ou total. A vertigem dura de alguns dias a várias semanas. O tratamento de escolha é a droga antiviral aciclovir. São administrados analgésicos para aliviar a dor e o diazepam para suprimir a vertigem. Quando existe compressão do nervo facial, pode ser realizada uma cirurgia para alargar a abertura através do qual o nervo facial deixa o crânio (descompressão cirúrgica). Este procedimento ocasionalmente alivia a paralisia facial.

Surdez Súbita

A surdez súbita é uma perda auditiva intensa, geralmente unilateral, que ocorre durante um período de algumas horas ou menos.

Anualmente, aproximadamente 5.000 indivíduos apresentam surdez súbita. Este distúrbio normalmente é causado por uma doença viral (p.ex., caxumba, sarampo, gripe, varicela ou mononucleose infecciosa). Menos comumente, atividades muito vigorosas (p.ex., levantamento de peso), exercem uma grande pressão sobre o ouvido interno, lesando-o e acarretando em perda auditiva súbita ou flutuante e vertigem. Um som explosivo pode ser ouvido no ouvido afetado quando a lesão ocorre pela primeira vez. Algumas vezes, nenhuma causa é identificada.

Habitualmente, a perda auditiva é grave. Contudo, a maioria dos indivíduos recupera totalmente a audição (normalmente em 10 a 14 dias) e outros recuperam a audição parcialmente. A surdez súbita pode ser acompanhada por tinido e vertigem. A vertigem normalmente desaparece em alguns dias, mas o tinido freqüentemente persiste.

Nenhum tratamento provou ser útil. Freqüentemente, são prescritos corticosteróides e o repouso ao leito é normalmente aconselhado. Em certos casos, procedimentos cirúrgicos podem ser úteis.

Perda Auditiva Causada Por Ruído

A exposição a ruídos intensos, como os produzidos por equipamento de marcenaria, serras elétricas, motores a gasolina, maquinário pesado, tiros de arma de fogo ou aviões, pode causar perda auditiva pela destruição dos receptores da audição (células ciliadas) do ouvido interno. Outras causas comuns incluem o uso de fones de ouvido para ouvir música em alto volume e permanecer próximo de alto-falantes em danceterias e concertos. Embora a oraissensibilidade ao ruído intenso varie consideravelmente de um indivíduo a outro, quase todos apresentam uma determinada perda auditiva quando expostos a um ruído intenso durante um tempo suficientemente prolongado. Qualquer ruído superior a 85 decibéis é prejudicial. As lesões por expansão sonora devido a explosões (trauma acústico) causam o mesmo tipo de perda auditiva.

Este tipo de perda da audição é permanente. Em geral, ele é acompanhado por um tinido de alta freqüência (agudo).

Prevenção e Tratamento


A perda auditiva pode ser evitada através da limitação da exposição a ruídos muito intensos, da redução dos níveis de ruído sempre que possível e da permanência distante das fontes de ruído. Quanto mais intenso for o ruído, menos tempo deveria ser passado próximo a ele. O uso de protetores de ouvido (p.ex., tampões plásticos que são colocados nos canais auditivos ou protetores cheios de glicerina colocados sobre as orelhas), pode ajudar a reduzir a exposição ao ruído.

Para os indivíduos que apresentam uma perda auditiva grave causada pelo ruído, um aparelho auditivo é normalmente útil.

Como os Distúrbios do Ouvido Afetam o Nervo Facial

Como o nervo facial possui um trajeto sinuoso através do ouvido, os distúrbios do ouvido podem afetá-lo. Por exemplo, o herpes zoster do ouvido pode afetar tanto o nervo facial quanto o nervo auditivo. O nervo facial inflama e exerce pressão contra a abertura do cérebro através da qual ele passa. A pressão sobre ese nervo pode causar paralisia facial temporária ou permanente.

Perda Auditiva Relacionada à Idade

A perda auditiva relacionada à idade (presbiacusia) é a perda auditiva neurossensorial que ocorre como parte do processo normal de envelhecimento.

Este tipo de perda auditiva começa após os 20 anos de idade, afetando inicialmente os sons mais agudos e, gradualmente, afeta os sons mais graves. Contudo, o o grau de perda auditiva varia de modo considerável. Alguns indivíduos apresentam uma surdez quase total em torno dos 60 anos de idade, enquanto outros possuem uma audição excelente aos 90 anos. Os homens são afetados mais freqüentemente e mais gravemente que as mulheres. A perda auditiva parece estar parcialmente relacionada com o grau de exposição ao ruído.

Nenhum tratamento consegue evitar ou reverter a perda auditiva relacionada à velhice. Entretanto, ela pode ser compensada pela leitura labial, pelo aprendizado do reconhecimento de sinais não auditivos (p.ex., linguagem corpórea) e pela amplificação dos sons com o auxílio de um aparelho auditivo.

Lesão do Ouvido Causada por Medicamentos

Alguns medicamentos, como certos antibióticos, diuréticos (sobretudo o ácido etacrínico e a furosemida), a aspirina, substâncias similares à aspirina (salicilatos) e a quinina, podem lesar o ouvido. Esses medicamentos afetam tanto a audição quanto o equilíbrio, mas a maioria afeta principalmente a audição. Quase todos esses medicamentos são eliminados do organismo através dos rins. Por essa razão, qualquer deterioração da função renal aumenta a possibilidade das drogas acumularem no sangue e atingirem concentrações que podem causar lesão. De todos os antibióticos, a neomicina é a que possui o efeito mais tóxico sobre a audição, sendo seguida pela kanamicina e pela amicacina. A viomicina, a gentamicina e a tobramicina podem afetar tanto a audição quanto o equilíbrio. O antibiótico estreptomicina afeta mais o equilíbrio que a audição. A vertigem e perda do equilíbrio resultantes de seu uso tendem a ser temporárias. Entretanto, a perda de equilíbrio pode ser intensa e permanente, causando dificuldades para andar no escuro e uma sensação de que o ambiente move-se a cada passo (síndrome de Dandy). O ácido etacrínico e a furosemida têm causado perda auditiva permanente ou temporária quando administrados intravenosamente em indivíduos com insuficiência renal e que também estão recebendo antibióticos. A aspirina utilizada em doses muito altas e durante um longo período pode causar perda auditiva e tinido, geralmente de forma temporária. A quinina pode causar perda auditiva permanente.

Precauções

Os medicamentos que podem lesar o ouvido não são aplicados sobre o mesmo quando a membrana timpânica encontra-se perfurada porque eles podem misturar-se ao líquido do ouvido interno. Os antibióticos que prejudicam a audição não são prescritos para mulheres grávidas. Eles também não são prescritos para os indivíduos idosos ou para aqueles que apresentam perda auditiva pré-existente, exceto quando não existe uma outra droga eficaz disponível. Embora a suscetibilidade a esses medicamentos varie um pouco de um indivíduo a outro, a perda auditiva normalmente pode ser evitada quando a concentração sérica das drogas são mantidas dentro da faixa recomendada. Por essa razão, o médico comumente controla a concentração sérica dessas drogas.Quando possível, a audição é mensurada antes e durante o tratamento. Normalmente, o primeiro sinal de lesão é a incapacidade de ouvir sons de alta freqüência (agudos). Podem ocorrer um tinido agudo ou vertigem.

Fratura do Osso Temporal

O osso temporal (o osso do crânio que contém parte do canal auditivo, o ouvido médio e o ouvido interno) pode fraturar em decorrência de um golpe no crânio. O sangramento através do ouvido ou uma mancha equimótica da pele atrás da orelha após um traumatismo craniano sugere fratura do osso temporal. Quando ocorre uma drenagem de líquido transparente pelo ouvido, pode estar havendo um escape de líquido cefalorraquidiano do cérebro, indicando que o cérebro está exposto à infecção. As fraturas do osso temporal freqüentemente rompem a membrana timpânica, causando paralisia facial e uma profunda perda auditiva neurossensorial. A tomografia computadorizada (TC) pode detectar a fratura.

Um antibiótico intravenoso é administrado para prevenir a meningite (infecção da membrana que reveste o cérebro). Algumas vezes, a paralisia facial persistente causada pela compressão do nervo facial pode ser aliviada pela cirurgia. A lesão da membrana timpânica e das estruturas do ouvido médio é reparada semanas ou meses mais tarde.

Tumores do Nervo Auditivo

Um tumor do nervo auditivo (neuroma acústico, neurinoma acústico, schwanoma vestibular, tumor do oitavo nervo craniano) é um tumor benigno que se origina nas células de Schwann (células que envolvem o nervo). Os tumores do nervo auditivo são responsáveis por aproximadamente 7% de todos os tumores que se desenvolvem no interior do crânio. A perda auditiva, o tinido, a tontura e a perda de equilíbrio são os sintomas iniciais. Outros sintomas podem ocorrer quando o tumor aumenta de volume e comprime outras partes do cérebro, nervo facial ou o nervo trigêmeo, o qual conecta cérebro ao olhos, à boca e à mandíbula. O diagnóstico precoce é baseado nos resultados da ressonância magnética (RM) e de testes auditivos p.ex., resposta auditiva do tronco encefálico, a qual analisa os impulsos nervosos até o cérebro). Os tumores pequenos são removidos através da microcirurgia para evitar a lesão do nervo facial. Os tumores maiores dependem de cirurgia extensa.